As pedras de Sisifus por Uliks Gryka

Alguém criou um verdadeiro parque de escultura em Manhattan, na beira do rio Hudson. A princípio eu tinha tirado umas fotos com o telefone pensando ‘Instagram’, mas logo me dei conta de que nada assim faria justiça.

Perguntei ao homem que estava sempre por lá, é você é o escultor?
“Eu sou o levantador de pedra”, ele disse com um sorriso. Ele ficou surpreso quando pedi seu nome para que eu pudesse dar crédito. “As pessoas normalmente não se dão ao trabalho”.

O nome dele é Uliks Gryka. De acordo com um artigo do New York Times, ele reconstruiu tudo uma vez depois de uns vândalos, e novamente depois que alguém do Departamento de Parques resolveu dar pitaco.

Enquanto eu me espremia com a minha câmera atroada entre as pedras equilibradas, eu ouvi algo cair no rio com um splash. Não foi eu. “Sim, eu sabia que aquela peça estava prestes a desabar”, disse ele. O pôr-do-sol naquela noite em particular tinha sido magnífico, cheio de nuvens dramáticas emoldurando as peças. Me senti cercada por uma multidão de campos magnéticos; prá todo canto que eu olhava eu via propósito, beleza, mistério e gravidade. Eu só queria mais, e acabei sem nada: o filme estava truncado na câmera, deficiência da operadora.

Sem problema. Eu queria mesmo continuar tirando fotos. Não tive as mesmas nuvens fantásticas, mas agora acho que com o branco-e-preto assim foi melhor para as esculturas – menos interferência. Além de quê quando voltei haviam várias peças novas. “Está chegando lá”, disse Uliks. Onde é lá, perguntei. “Perto daquelas árvores”, ele disse vagamente.

Seja por causa das árvores ou de alguns vândalos ou do departamento de parques ou uma tempestade poderosa, algo é certo de traçar uma linha e transformar o lugar depois que o lugar foi alterado pela habilidade de uma mão humana. Parece arte?

Eu acho tanta arte quanto quero nessa cidade grande, mas o que eu não acho é tanta verdade quanto eu quero. Este trabalho foi tão verdadeiramente humilde, eu só posso me sentir orgulhosa de compartilhar.